Patagônia e Buenos Aires por CarlaZ

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A CarlaZ, da ala teen VNV fez uma bela viagem mês passado à Patagônia e Buenos Aires. Sugeri a ela que fizesse um relato da viagem, pois a vivência de cada viajante é única.  Quando recebi seu relatório no sábado e comecei a lê-lo me surpreendi, pois ela não só contemplou as geleiras que são um espetáculo, mas mergulhou no Canal de Beagle, vocês acreditam ?  E mais, dá dicas e alerta sobre o que pode ser uma roubada 😉  E aí vai com a palavra a CarlaZ :

 A escolha de um destino nunca é fácil e a Patagônia veio meio de impulso. Li algumas matérias, escutei algumas histórias, estava precisando de uma desculpa para ir a Buenos Aires…Mas nunca fui amante de natureza, tanto que quando conto as pessoas que fui à Patagônia a reação é “Mas você não gosta dessas coisas!”. A verdade é eu já subi montanha? Não. Já fiz trilhas? Não. Já vi neve? Não. Já andei em geleira? Não. Então vou conhecer, e assim saber se gosto ou não. 

E foi tão boa a viagem!  

As cidades que eu iria visitar eram Ushuaia e El Calafate, as duas na Patagônia Argentina e as duas também cidades de fácil acesso, com aeroportos e até vôo entre elas. Não estava disposta a viajar horas de ônibus ou de carro (mas já estou revendo esse conceito para próximas viagens). Pesquisando cheguei à conclusão que seria melhor começar a viagem por Ushuaia e depois ir a El Calafate. Durante a viagem achei que essa não tinha sido uma boa escolha, mas hoje tenho que refletir pra ver qual seria a melhor ordem. 

Como fui para Buenos Aires de milhas e comprei os trechos internos de Lan, que não tem vôo todos os dias, tive que passar uma noite em Buenos Aires, que foi ótimo e na segunda de manhã iria pegar meu vôo para Ushuaia.  

O vôo saia do Aeroparque o que eu achei ótimo, afinal é bem mais perto e o táxi sai bem mais barato, mas o que eu não contava era com as grandes filas! O aeroporto estava lotado! E tanto no check-in quanto para entrar nos portões de embarque as filas eram enormes. Fiquei até com medo de não conseguir fazer o check-in a tempo. 

Cheguei em Ushuaia e fui de táxi para a cidade. Já sabia que o aeroporto era pertinho e não sairia muito caro. Quando cheguei reparei que o meu albergue era super central. É que Ushuaia tem uma rua principal onde ficam os restaurantes, as lojas (ou de roupa de frio ou de souvenir), e estávamos bem nessa rua. Paralela à essa rua é a rua que beira o canal. E a cidade é tipo num aclive e só com casas baixas então de quase todas dá para ver o canal. 

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Ushuaia – vista da cidade

Já tinham me falado também que como lá o tempo é instável é difícil marcar um passeio para o dia seguinte. E realmente o tempo é muuuuito instável. No mesmo dia faz sol, fecha, neva, várias vêzes e isso sempre com muito vento. Eu sabia que iria estar frio lá e fui preparada, acho que por isso nem senti, só o vento que incomodava mais. 

 

 

 

 

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 Canal de Beagle

Lá na cidade fui procurar os passeios. Para o primeiro diz reservei logo o passeio pelo Canal de Beagle passando pelas ilhas de pingüins e leões marinhos, que é o passeio clássico de Ushuaia. E também imperdível (e olha que não gosto de bicho)! Depois continuei vendo os passeios…eram tantas opções! Tinha de dia inteiro, de meio dia, com passeio em 4×4, navegação, caminhada, lagos, montanhas, almoço incluído, almoço não incluído, ufa nem sabia o que fazer. Saí com mil folders e idéias na cabeça e cometi o erro básico de não programar nada para o dia seguinte, e quando voltei para agendar alguma coisa…tudo fechado.  
 
As lojas lá abrem, fecham, reabrem, na hora que querem. É difícil acertar! A loja que vendia passeios, que mais gostamos, estava nos outros dias todos fechada! Eles têm aquele intervalo depois do almoço e acho que ás vezes não devem voltar. E também lá o dia é muito longo (escurece 10 horas da noite nessa época), devem achar muito tempo para ficarem abertos.  

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  Glaciar Martial

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

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 Ushuaia – Parque Nacional

Sem passeio reservado não quer dizer sem programa. Nesse dia fui ao Glaciar Martial, no Parque Nacional e no Museu do Presídio. Os dois primeiros gostei tanto que repeti e ainda teve o mergulho no Canal de Beagle.

 

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Ushuaia- Parque Nacional

 Mas muitos passeios ficaram pra trás, queria ter feito o dos lagos (Fagnano e Escondido), mas como os dias estavam bem feios (tudo bem que a qualquer hora poderia abrir um solzinho com aquele tempo maluco de lá, mas preferimos não fazer) ficou pra próxima e alguma outra montanha com neve, tivemos que repetir a mesma. Ainda tentamos com o pessoal da agência ir no Cerro Médio que tinham nos oferecido, mas estava fechada, pra variar. 

O passeio ao Glaciar Martial foi pra subir uma montanha com neve. Quando fui não sabia nada do que era, só que uma amiga tinha ido e adorado e que era um passeio de inverno, ou seja, não eram vendidas excursões nessa época. Mas sabíamos que era perto que era só pegar um táxi então fomos. Para chegar lá há também o “Transporte Regular”, que são vans que levam os turistas a determinados pontos (só levam e buscam, sem excursão) e cobram um preço fixo. De táxi era 15 pesos e de van 5 por pessoa. 
 
 
 
 
O Glaciar Martial fica no meio das montanhas que no inverno funciona como estação de esqui, e no verão é um lugar de trekking. Como é estação de esqui lá tem teleférico e pista. E também tem um rio que desce toda a montanha. O teleférico estava fechado então subimos pela pista e foi uma farra…nunca tinha visto neve…então foi fantástico fiquei brincando brincando e nem sabia mais porque estava lá. A trilha que leva a ver a geleira e uma vista fantástica da cidade é a que vai pela direita e vai até um vale. Não fui até a geleira, as pessoas que voltavam falaram que era longe e que valia mais pela vista da cidade. Foi um passeio que eu realmente amei! 
 
 
 
 
Outro passeio clássico de Ushuaia é o Parque Nacional. Há diversos passeios oferecidos. Tem o mais básico que leva de microônibus para dar um passeio pelo parque e as trilhas mais fáceis, de 20 / 30 minutos, alguns indo no Trem do Fim do Mundo (não fui porque acho que deve ser a maior roubada!) e tem outros com trilhas maiores, passeios de caiaque, passeios até umas ilhas. Para os mais aventureiros tem um camping no parque e parece ter uma estrutura bem boa de banheiros e alguma coisa do tipo de uma churrasqueira. E com certeza não terá tempo de ficar de bobeira pela quantidade de trilhas de todos os níveis que tem no parque e com paisagens diferentes.
 
 
 
 
 

 O mapa com as trilhas que mais gostei era o jogo americano do restaurante do camping que eu até tirei uma foto. Para chegar ao parque usei o “Transporte Regular” e acho que foi 50 pesos por pessoa, ida e volta. E mais a entrada do parque, 30 pesos. O passeio mais simples que vi, de van, 3 horas no parque era 150 pesos e o mais completo, de 9 horas com diversas trilhas, almoço e navegação 320 pesos, e mais a entrada, sempre. 

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 Ushuaia- Mapa do Parque

 Mergulhar no Canal de Beagle é algo que jamais esteve nos meus planos. Imagina mergulhar num frio daqueles! Mas fui convencida com aquele papo de experiência única. O mais legal mesmo foi usar a tal roupa seca. É impressionante como não entra água e como não sente frio nenhum.  

 Os pratos principais dessa região são o cordeiro patagônico e a centolla, que é uma espécie de caranguejão. Eu consegui experimentar os dois! E também tirar fotos. O cordeiro normalmente é servido no “tenedor libre”, que é uma churrascaria dessas que se come a vontade, os preços variavam de 42 a 50 pesos.  Eu não fui, acabei indo num restaurante a la carte chamado Bodegon Fueguenino que adorei! Comi um cordeiro muito bom e de sobremesa crepe de doce de leite com sorvete de calafate. Aliás, o sorvete de calafate é a sobremesa imperdível de lá. 

A centolla é um prato mais caro e é muito boa! E lá eles fazem empanada de centolla, ravióli de centolla…tudo! Quis experimentar uma com menos molho possível para sentir o gosto. É uma delícia, acho que o mais parecido é com caranguejo mesmo.  

Mas o que amei de lá foi a cerveja, Beagle, que tomei várias vezes. Tem a rubia, a roja e a negra. Tinha num Irish Pub que é um dos restaurante mais antigos da cidade, de mais de 100 anos e também colado no meu albergue. A roja é maravilhosa!  

De Ushuaia para El Calafate o vôo é rapidinho, acho que 1:15 de vôo. Lá peguei um remis na hora que foi 26 pesos por pessoa. Quando cheguei no meu albergue…uma decepção só! Achei que estava na favela! Pelo que tinha entendido vendo os mapas, El Calafate tinha uma rua principal com restaurantes e lojas e os hotéis estavam por volta e alguns nos topos de colinas, com vista para o Lago Argentino (maravilhoso!). Muitas referências eram também pela estação de ônibus e o meu albergue era lá perto então me parecia super central. Realmente quando andei até o “centro” era sim bem perto, mas aquela primeira impressão de chegar e estar na favela foi horrível! Criei uma antipatia pela cidade, achei que não era pra mim. 

Fui dar uma olhada nos passeios tanto para a tarde quanto para o dia seguinte. Optamos pelo Minitrekking no Perito Moreno no dia seguinte e como estávamos muito cansados resolvemos descansar e eu realmente precisava, dormi a tarde toda! À noite andei pela cidade e comecei a gostar mais dela. 

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El Calafate – Glaciar Perito Moreno

O passeio era super completo, buscava a gente no hotel levava ao parque (O Glaciar Perito Moreno fica localizado no Parque Nacional Los Glaciares) onde tivemos que pagar mais uma entrada de parque, dessa vez 40 pesos, depois tinha um barco que levava até onde começaria a trilha. O mais engraçado foi que quando avistamos pela primeira vez o glaciar, ainda do ônibus, o motorista foi andando devagar e colocou uma música tipo emocionante de fundo.Como eu queria lembrar qual era! Do barco também deu pra ver bem de pertinho e deu pra sentir o frio! Fui literalmente com todos os casacos que tinha e acertei! Lá faz muito frio e como estava chovendo o casaco impermeável foi mais que necessário. Tudo é lindo, e é realmente emocionante, é uma grandiosidade, não sei nem como explicar. 

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El Calafate – Glaciar Perito Moreno

Os guias nos dividiram em grupos e dão uma breve explicação sobre glaciares e sobre a região. Ficamos sabendo que o local que andaríamos não apresenta perigo por ser uma parte estável do glaciar, sem risco de desabamentos (o Perito Moreno é um glaciar em equilíbrio, que produz gelo e perde na mesma proporção). Para podermos andar no gelo, colocamos “grampones” nos tênis ou botas. Fizemos uma trilha de 2 horas que é bem tranqüila passando por pequenas lagoas de um azul maravilhoso, fendas, gretas e sempre com os guias que nos passavam total confiança. No final tem um brinde com whisky e gelo da própria geleira, que dá um toque especial.  

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El Calafate – grampones para andar no gelo.

Depois fizemos a navegação pelo outro lado do glaciar e ainda ficamos um tempo observando, admirando o glaciar nas passarelas e é claro torcendo para ver as quedas dos blocos de gelo e ouvir aquele barulho que deixa qualquer um emocionado e tentando descobrir qual será o próximo que irá cair. 

Há também uma caminhada maior que essa, de cerca de 4 horas e um outro passeio de barco, que vai a outros glaciares.  

Em Calafate fui a dois restaurantes e um bar/café que eu adorei que acho que o nome é El bar, não lembro, mas lembro que tinha tipo um waffle com doce de leite, tipo um sanduíche, maravilhoso. O restaurante que mais gostei foi o La Lechuza , que é uma pizzaria. Gostei mais pelo lugar e pelas empanadas, a pizza não era nada de especial. Mas comi uma sobremesa muito boa, vi na mesa do lado e pedi também, chamada El Narigon. É doce de leite, sorvete e calda de chocolate…maravilhosa!!! 

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Sobremesa no La Lechuza

No último dia resolvemos ir a El Chalten, que está a 220 quilômetros de El Calafate e  é um vilarejo, fundado em 1985, ao norte do Parque Nacional Los Glaciares e aos pés do Cerro Fitz Roy. A maioria dos viajantes que vão pra lá está atrás de trekkings ou escaladas. 

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El Chalten

No centro de informações turísticas conseguimos um mapa com as trilhas, restaurantes, etc, tudo tão organizado, nota 10! Escolhemos uma trilha que não fosse muito demorada, umas 3 horas, já que ficaríamos pouco tempo por lá e queríamos dar uma volta na “cidade”.Achamos uma cervejaria artesanal fantástica! A dona, muito simpática, faz na cozinha dela mesmo, dois tipos de cerveja, clara e escura (maravilhosa) e nos mostrou tudo. E o bar também é um charme.  ~

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El Chalten – Cervejaria

Quando chegamos a El Chalten ventava horrores, a cidade estava deserta, muita neblina, mas mesmo assim fomos subir a um mirante do Fitz Roy, uma trilha bem marcada, aliás tudo lá é muito organizado. Começou a nevar e tínhamos certeza que não veríamos o tal Fitz Roy, e então abre um sol, aquele dia lindo e na hora de pegar o ônibus, quem que eu vejo sobre a cidade…o tal Fitz Roy. No final sempre dá tudo certo! 

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El Chalten – Fitz Roy

Bom, quem quiser saber mais de Patagônia tem o blog do Tony. Imperdível! 

Cheguei em Buenos Aires para ficar uma semana, sem pressa, sem planos, foi ótimo. Seguindo milhões e milhões de recomendações aluguei um apartamento na Recoleta. Foi uma ótima opção. Escolhi um quarto e sala com cozinha. O proprietário já estava lá quando cheguei e foi um fofo tinha comprado para abastecer a casa desde pão de forma até cerveja e vinho. Ali por perto tinha restaurantes, bares, cafés para todos os bolsos e ainda aproveitei os parques para correr no final da tarde, já me sentindo local! 

Nessa semana andei muito, comi muito bem, nem tentei ir as compras, me encantei por Palermo, me senti moradora da Recoleta, não fui no Caminito, não fui em show de tango, e nem  preciso falar de Buenos Aires já que tem tanta coisa nos blogs de todo mundo. 

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Colonia de Sacramento

Outro passeio que fiz que adorei foi ir a Colônia de Sacramento, no Uruguai. De Buenos Aires para lá basta atravessar o Rio da Prata. Superou todas as expectativas. Na verdade não foi bem isso. Já tinha lido nos blogs da Carla, Emília e Camila (não sei se esqueci de alguém) e estava com muita vontade de ir, totalmente nos meus planos, mas quando entrei novamente nos blogs pra pegar dicas, comecei a achar que eu não ia gostar. Muito fofa e gracinha pra mim. Mas não é que amei! 

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Colonia de Sacramento

Comprei pelo Buquebus a passagem mais demorada (tem a rápida que são 50 minutos e a demorada de 3 horas), que era mais barato, 124 pesos (a outra era por volta de 200). Não tinha a menor idéia de como é super o terminal do Buquebus, tem que chegar cedo mesmo, tinha fila. Tivemos sorte, nossa viagem tanto de ida quanto de volta durou apenas 1 hora. 

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Chegamos lá e alugamos uma scooter, foi ótimo, percebi que muita gente fez o mesmo e que o povo de lá realmente anda de motinha pra cima e pra baixo. Demos uma volta geral e depois fomos percorrer o bairro histórico a pé. Muito legal! Adorei as ruínas! Adorei tudo! Acho que consegui esquecer tudo que tinha lido então pareceu mesmo novidade. E estava um dia tão lindo. 

Acompanhamos toda a Av. Costeira e encontramos um quiosque no final da praia, um charme (o Riq ia gostar não tinha nenhuma cadeira de plástico). Bom, a praia não é nada de mais, aliás, a água é marrom. E é quente. Mas adoramos chegar lá, afinal carioca quando chega em um lugar procura logo a praia, ainda mais depois de tantos dias de frio. 

De volta a Buenos Aires o que mais posso contar de diferente que fiz lá é que andei de ônibus. Pois é, os ônibus de lá são feios e velhos, mas também são bem baratos e eu estava curiosa e tinha um guia (chama Guia T, ele é bem pequeno e vende em bancas de jornal) que mostra todas as rotas de ônibus, e pelo mapa, muito bom mesmo, recomendo a todos. A passagem é um peso e tem que ser paga em moedas em uma maquininha do lado do motorista. Essa máquina emite um recibo, mas não sei se tem fiscalização e nem como é. O problema era que tinha que pagar em moedas e Buenos Aires estava em crise de moedas, vários lugares que entrava tinha cartazes “No hay moneda”. Teve até um dia que usei o metrô de graça, pois eles não tinham troco (e o metrô custa 90 centavos!). 

O outro programa inesperado foi a “Noche de los Museos”, onde museus, galerias de arte, centros culturais ficavam abertos durante a noite, até 2 da manhã, de graça e com vários eventos, exposições, coral, dança etc. E tinha transporte de graça entre eles. Fui visitar alguns e só não fui mais pelo frio. Nesse dia o tempo tinha mudado totalmente e estava 15° de noite (pegamos 31° no dia anterior!) então não agüentava de frio na rua. “