O tim tim da Sylvia e Mario em Punta…

A Sylvia e o Mario, muito chiques, estiveram em Punta esses dias para comemorar mais um niver de casamento, e aí está o relatório da Sylvia fresquíssimo:

” Estacionamos a caranga na Remanso já ao entardecer.
A  Remanso é a nova Gorlero, a Quinta avenida de Punta Del Este.
Foi tão fácil e simples de chegar e estacionar no coração de Punta, que cheguei a pensar que estava na cidade errada.
Na bolsa, um Guia  Destemperados e um pequeno mapa da Península que pegamos no Chui algumas horas antes.
 
Saimos sem planos definidos, com endereço de quatro hotéis, mas sem nenhuma reserva.
Para quem está acostumado a planejar sempre, e com antecedência, esta viagem quebrou um paradigma.
Claro que isso só foi possivel por ser baixa estação ( mas os locais dizem que é média – para justificar um pequeno aumento das tarifas ).
Acertamos em cheio em ficar na Peninsula no final de semana, e aproveitar uma pequena agitação turística, restaurantes movimentados ( mas não cheios ), cafés e lojas simpáticas abertos até tarde, o entra e sai de barcos e lanchas no porto, e a supreendente sensação de segurança absoluta que a gente só vê em poucos lugares.
 
Depois de um dia inteiro de viagem, mesmo numa estrada quase completamente vazia e em excelentes condições, a gente sempre fica um pouco grogue – jetlegado – e vê as coisas de um ângulo distorcido. Abrir a porta do carro e dar direto num lojão Fendi, chegar na calçada do hotel e ver um logotipo com cores horríveis, abrir a porta de vidro e dar de cara com um monte de sofás cor de creme (breeeega) perguntar se existem acomodações disponíveis e receber um lindo sorriso afirmativo, encontrar um corredor totalmente coberto de madeira e um apartamento em excelentes condições – tamanho, mobiliario, equipamentos – mas com um cheiro insuportável de spray, e imediatamente ter a certeza de que todas as amplas janelas abrem por completo, que a cortina blackout não tem emendas nem frestas e que o ar condicionado funciona perfeitamente, só faz com que a gente tenha certeza absoluta de que chegou no destino.
Sempre tenho esta consciência da ambigüidade de sentimentos ao aportar, e normalmente vou embora com o desejo de ficar mais.
 
O Free Shop do Chui é sempre uma decepção, pela bagunça e pela montanha de coisas inúteis, mas pricinpalmente pela perda de tempo que significa entrar em meia dúzia de muquifos e sair sem nada. Talvez, para quem queira comprar bebidas … mas qualquer um que passe em qualquer free shop de aeroporto, nunca vai desejar ir ao Chui .
 
Fizemos um reconhecimento rápido do entorno – Remanso e Gorlero – e fomos a pé até o porto para jantar no Lo de Tere .

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Já passava das 10 da noite e a maioria das mesas era de gaúchos. Pensei que poderiamos estar em Garopaba, mas a comida, e o atendimento atencioso e simpático nos deram a certeza de estar em Punta, mas tb poderia ser uma praia qualquer na costa da França.
Comensais felizes, cheirando discretamente à colonia, todos deliciosamente vestidos como se tivessem acabado de tomar banho nos seus iates  – branco/azulclaro/azulmarinho/listados/tênis/docksider/sapatilhas de tecido/bermudas/polos/camisas de algodão e logicamente, blusas de malha de tricot nos ombros (indispensáveis todos os dias e em todas as horas para enfrentar os tufões de vento gelado que começam e terminam sem aviso). Ricos e famosos com não ricos e não famosos em absoluta igualdade aparente, e todos turistas.
Não tem como saber  se tem um milionário excêntrico do teu lado, e se a perua- barbie ( raríssimas), é de verdade, ou se está representando um papel.
 
Punta não tem frescura, não tem ostentação, é um pedacinho da Europa – cada um na sua -mas onde o turista recebe muita simpatia e atenção.
( tá, vou concordar : os precinhos são tb um pouco europeus, e os horários são espanhóis : café depois das dez, almoço depois das três e jantar depois das dez)
A gente sabia que tinha que acordar tarde, e sair do hotel antes das dez só se for para fazer exercício. Como ler livro no jardim ou na praia, caminhar na beira do mar e molhar a ponta dos pés na água gelada a gente faz em casa, riscamos essas atividades da agenda.
 
Do Chui a Punta – via Rocha – (uma reta sem fim ) a gente pode escolher várias saídas da estrada principal. Optamos por chegar pela Barra, e confirmamos a nossa suspeita : tudo fechado, com exceção de um ou outro café furreco. Durante o trajeto já decidimos que não valeria a pena perder tempo com José Inácio e adjacências , pois seriam praias fantasma.
Sem nenhum mapa decente, seguimos as indicações das placas verdes e em poucos minutos a  Brava, a Mansa e Peninsula já eram nossas.
 
Mas …. ao voltar para o hotel no fim da tarde do segundo dia, entendemos que teríamos problemas à noite.
Um ônibus estacionado quase na frente, e um monte de aborrescentes gauchos falando alto no corredor, com portas dos quartos abertos!!
Como não nascemos ontem, avisamos na portaria ao sair para jantar, que iríamos dormir à noite e que a tolerância seria zero :))
Neste dia almoçamos na Mansa, curtimos um clima-praia – areia-vento-ombrelone e ao voltarmos do jantar  ( Il Barreto ) a zoeira no corredor a uma da manhã era total. Dois telefonemas seguidos para a recepção, e uma ameaça de chamar a policííí-a foram suficientes.
 
A chegada “do grupo de brasileños” nos acordou para agilizar uma pré reserva no L’Auberge .

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Fizemos isso in loco, e ficamos totalmente encantados com a vista do oitavo andar da torre de água , com a gostosura das acomodações, com os jardins, com o silêncio, com a simpatia e educação afetuosa de todos. Nos apaixonamos na hora, e morremos de amor por aquele pequeno esconderijo nos dois dias que lá estivemos. Não é formal, não é careta, é uma d-e-l-i-c-i-a !!

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Sair do centrão e ir para o bairro, é como se a gente estivesse viajando para um outro lugar.

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Casas belissimas, jardins sem fim, ruas de terra, nada de cercas, cachorros, lojinhas, só um e outro morador se exercitando entre um gramado mais lindo do que outro.

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Combinamos de só sair do hotel para jantar – Lo de Charlie-e passamos o dia nos jardins e na piscina.

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Um tê com waffles no fim da tarde,

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uma passada rápida na Barra e o entardecer na casa do Antonio e da Andrea- que nos recebiam como as primeiras visitas, após comprarem um casarão a dois passos do L’Auberge -fizeram do domingo um dia que não terminava nunca.
 
Terça-feira era dia de voltar, e para continuar a aventura, decidimos trocar de estrada e experimentar a rota Trinta e Três- Rio Branco- Jaguarão.
Foi, hãã… diferente :todos os tipos de estrada numa única rota – do excelente até enormes trechos em obras.
Mas no final da história, saimos e chegamos no mesmo horário da vinda.
( ah ! e com mais um free shop no caminho – mais transadinho, mas cheguei e saí sem sacolas )
Descobrimos que é importante sair de manhã de POA, e de voltar de manhã de Punta para não ter o sol de frente atrapalhando a visibilidade.
 
O último dia no L’Auberge foi para acordar tarde, tomar café vagarosamente numa mesa externa ( café simplinho mas delicioso, com todos os pães feitos na hora, mas sem frutas e queijo ), caminhar e dirigir pelas pequenas ruas da Brava, conferir a localização de alguns hotéis, almoçar tarde no Virazón, comer torta no Las Delices, e lembrar como foi bom a gente ter ido no sábado ver o por do sol no Casa Pueblo, já que as nuvens esconderam o sol na segunda-feira.
 

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Quatro noites, três dias e dois hotéis, foram a receita perfeita para o merecido descanso que sempre procuramos fazer antes das festas de fim de ano.
Mas confesso que estamos tentados a repetir tudo de novo quando terminar a temporada, logo depois do carnaval.

Vem com a gente  ? “

O convite da Sylvia é tentador concordam ? Bem, nada como morar do ladinho de Punta, é só atravessar de carro a fronteira e voilà, cidade civilizada -sem grades – com ares europeus, restaurantes de primeiríssima e free shop on the road :mrgreen: